20 outubro, 2009

Máscara das Sombras – Parte I


Estava jorrando sangue por todo o corpo. Delirava de febre, junto de uma tempestade que se empunha com força. Gemia de dor, mas moralmente, sentia-se senhor! Em meio ao delírio, gritava:

- Você e eu somos um! Você e eu somos um! Ó Máscara das sombras! Face que oculta os meus medos, anseios e desejos, fazendo-me forte! Extremamente forte!Tu, que fostes fruto dos meus devaneios, agora és a realidade absoluta do meu ser! Juntos, somos uma unidade, um conjunto, uma verdadeira arma! E ria com todo o sarcasmo até que...

Nestor Alcântara Callao veio de uma família comum. Seu pai trabalhava com retos projetores no cinema do centro. Sua mãe era do lar. Tinha um irmão mais velho. Sempre foi calado, nunca deu trabalho. Por seu comportamento, nunca foi em se relacionar com outras pessoas. Sendo na escola, na Igreja, na vizinhança, Nestor era o patinho feio do pedaço. Acanhado que só. Refugiava-se na TV, nos games e nos heróis que faziam sonhar em ser alguém melhor. Assim foi a sua infância.

Para animar, sua mãe dizia que ele seria um rapaz bonito (por mais feioso que seja a mãe sempre acha o filho bonito!). Doce ilusão! Na adolescência, ficou magrelo, cabelo crespo, nariz de tucano, orelhas grandes e olhos de peixe morto! Pobre coitado! Era humilhado no colégio. Chegava em casa e chorava no quarto! Em suas pobres orações, acreditava que o próximo ano seria melhor...doce ilusão!

Das inúmeras tentativas de conquistas amorosas, nenhuma obteve bom resultado. Numa, de tanta humilhação que sofreu, pensou em se jogar da laje de sua casa. No entanto, pelo temor religioso e complacência aos seus pais, não o fez. Passaram-se uns anos na vida Dele. Aos19 anos é aceito num mosteiro religioso, por onde permanece por quase 4 anos. Os dois primeiros anos foram de grande aprendizado e crescimento interior. Nos dois últimos anos, de aflição e depressão. Devido aos vários conflitos de identidade mal resolvidos, Nestor deixa o mosteiro e retorna a sua cidade, levando uma vida “normal”.

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