19 fevereiro, 2010

O sabor da curiosidade - Parte III

Ornella começou a ler muito. Passado o período de seis meses, ela leu três livros de literatura. Ainda que entendesse razoavelmente o contexto do que lia, a leitura era uma violência para a jovem curiosa, uma vez que algo feito sem gosto, torna-se violento.
Aquela senhora que despertou a curiosidade de Ornella, continuava a sua atividade no mesmo local diário. Ornella não tinha conseguido entender o gosto pela leitura. Raciocinando, ela percebeu que para compreender tamanho gosto, precisaria ir a fonte. Nisto, decidiu ir a mesa da ilustre senhora, para tentar saciar grandiosa questão.................

09 fevereiro, 2010

O sabor da curiosidade - Parte II

A aversão de Ornella em relação às atividades intelectuais, vinha de sua relação com seus familiares, que se demonstravam, ora obssecados ora revoltados com estas.
Ornella não entendia o que rodeava a leitura, para fazer uma pessoa ler tanto com tanto prazer, ou com tanto ódio. E ainda mais, fazer uma senhora, que já viveu tanto e deve ter conhecido muitas coisas, passar sua calma manhã entres paginas e palavras.
Um dia ela teve um insight, e decidiu se aventurar na grande magia da curiosidade, e foi aí que...

08 fevereiro, 2010

O sabor da Curiosidade

Ornella trabalhava no centro da cidade. Todos os dias, antes de entrar no serviço, fazia o desjejum numa elegante cafeteria. Normalmente, próximo dela, sentava-se sempre uma simpática senhora. Esta sempre lia um livro. Ornella ficava impressionada com a concentração da ilustre idosa.

Admirada com tal característica,Ornella queria entender o porquê de tanto afinco na leitura, uma senhora tão idosa e aparentemente tão frágil ter tanto gosto em ler, uma vez que Ornella aos seus 18 anos, tinha uma aversão tremenda a tamanha atividade......

29 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - final

Duas semanas depois, Savoy foi preso. Aguardando julgamento, nem a justiça ou a imprensa davam crédito a existência do “Máscara das Sombras”, uma vez que a morte de Nestor foi dada como um “assassinato violento” no trânsito. Jeitinho brasileiro de Felipe e amigos.

Débora e Felipe acompanharam Sayuri e seus amigos ao aeroporto. Despedem-se.

Na lanchonete do Aeroporto, tomando um suco, Felipe diz a Débora:

- Chocante o que vivemos nestas últimas semanas!

- E como! Estou sem acreditar até agora! Diogo na verdade foi morto por Savoy..meu Deus! Fê pelo menos acharam o corpo do nosso falecido e querido . Que ele descanse na paz!

- Dé..acho que depois da morte de Nestor, nenhum deles bancariam uma de....

- Não Fê!Por favor! Não fariam isso! Ainda mais Sayuri com uma criança pequena!

- Com certeza. Vamos Debs.

- Vamos.

No vôo a Londres, Jacqueline diz a Maximus que além do segredo, todos os esquemas criados por Nestor estavam guardados. Maximus olha para Jacqueline, dando impressão que gostou da ideia.


Rumo a Tóquio, Sayuri abre sua bolsa, pega uma foto de Nestor e acaricia. Agora ia encontrar com o seu filho em Kyoto. Guarda a foto e pega outra recordação...a máscara de seu amado....

26 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Parte 34 (penúltima parte)

Conseguiram tirar o corpo de Nestor e sumirem antes da polícia chegar. O corpo de Diogo foi encontrado e enterrado no local que estava. Enterraram Nestor no Morumbi. No sepultamento, além da família, Sayuri, Myamoto, Midore, Maximus, Jacqueline, Débora e Felipe, estavam alguns funcionários da editora Anamnese como Karen e Gabriel.

Após o sepultamento, Débora aproximou-se de Sayuri e perguntou em inglês:

- Meus pêsames.

- Obrigado. Você tinha amizade com Nestor?

- Não muita. Nos conhecemos rapidamente, mas como Máscara das Sombras, ele pediu ajuda minha e dos meus amigos.

- Certo. Você está bem?

- Com um pouco de dor de ter sido controlada por Chip, mas melhoro logo. E você?

- Para quem foi cobaia da Interpol por dois anos, não foi nada.

- Voltará ao seu país?

- Provavelmente. Mas por estes dias ficarei aqui com a família de Nestor. Quero que eles conheçam o netinho. Verei, pois me adaptar ao idioma e costumes do seu país não seria fácil.

-Entendo. Bom, precisar de mim ligue ou mande e-mail. Tome.

- Certo. Aqui estão também o meu e-mail e fone em Kyoto.


- Sabe Débora? Talvez eu vá morar com o meu filho próximo de Cambridge, pois lá que conheci e amei Nestor.

- Boa. Quem sabe?


- Tchau. Nestes dias que estiver por aqui e precisar de qualquer coisa, entre em contato.

- Sim. Até.

19 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Parte 33

Savoy cai em cima de Nestor. Ainda estava vivo, gritando de dor. Nestor reconhece a pessoa que deu o tiro: Jacqueline. Em inglês, disse Nestor:

- Obrigado minha cara! Mas eu só tinha pedido que você me fizesse a roupa...
- Nestor , vamos te levar para o hospital.
– Disse Jacqueline

- Vamos levá-lo para dentro. – Disse Maximus.

Nestor delirava de febre e continuava a perder muito sangue. Jacqueline e Maximus tentavam animá-lo. Com muito esforço, Nestor disse:

- Sayuri....ela está bem?

- Estou bem aqui.

Sayuri se agachou e beijou o seu amor que tinha acabado de reencontrar. Ambos choraram.
Minutos depois chegaram Myamoto, Débora, Midore e Felipe. Este último disse:

- A polícia deverá chegar em alguns minutos.

- Ai minha cabeça! Que troço horrível! – Reclamava Débora.

Todos os que estavam ao redor de Nestor falavam em inglês o que deveria ser feito. Débora olhou para Felipe e disse:

- Não entendo quase nada do que eles falam em inglês.

- Nós deveríamos voltar a estudar e praticar. – comentou Felipe.

-Verdade.

Nestor começava a perder os sentidos. Estava muito ferido. Disse a Sayuri:

- Por mais revolta que tive, o meu coração sempre acreditou que você estava viva.

- Nestor.....não só os nossos sentimentos estiveram unidos neste tempo de distância, mas temos um fruto: nosso filho!

- Eu pai! Meu Deus! Que alegria! – Disse Nestor chorando.

- Sim! Nestor! Tem dois anos e é lindo!

- Não puxou para mim – Disse Nestor com um leve sorriso.

Nestor começou a vomitar mais sangue. Estava perdendo os sentidos novamente. Pegou nas mãos de Sayuri e disse:

- Sempre te amei Sayuri! Que Deus cuide de nossa família! Obrigado por entrar e permanecer na minha vida. Obrigado.....

E deu o último suspiro.

Como diz na Carta aos Coríntios: Do meio das trevas, brilhe a luz. Uma luz tinha brilhado para Nestor.

17 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Parte 32

Nestor ficou espantado. Não acreditava que ele era o autor de tudo aquilo.

- Não pode ser! Você? Mas como? Eu....

-Há,há,há,há,há!!! Tão perto mas tão longe! Enganei a todos, não? Quem diria?


- Você....

- Eu? Por quê se surpreende senhor Nestor? Sou o reflexo do teu amanhã!

- Wiliam Savoy..... Por isso que você apareceu tão rápido no cemitério!

- Isto e muito mais! Te acompanho muito antes do que você pensa!

- Como assim?

- Lembra-se de uns anos atrás, quando você salvou uma mulher de bandidos na favela?

-sim.

- Eu estava numa sala no fundo da delegacia e escutei todo o seu caso de bravura. Fiquei intrigado e comecei a te observar. Em Cambridge vi o que você fez com aquele bando de playboizinhos. Afinal, era a sua marca registrada? Em Kyoto, você tinha perdido a sua amada? Ela era uma ninja e conseguiu e safar a tempo! Mas ficou desmaiada! Como naquela época eu era da Interpol, fechamos o caso e pude estudar as habilidades dela, como testar o chip de obediência que a Interpol estava criando. Tanto deu certo que usei também na sua amiga fotógrafa.

-Seu....

- Dois anos depois em Londres, a polícia não sabia quem fazia atos de proeza. Descreviam uma figura assustadora. Achei muita coincidência. Mas depois que vi os casos no Brasil, a minha suspeita tornou-se real, ainda mais quando você acabou com os meus pupilos!

- Você acha que a corrupção justifica os assassinatos que você ordenava?

- Oras! Quem és tu para dizer sobre mim? Não me venha com ética, com moral! Sou formado em direito, estudei teologia moral. Em outras palavras: não queira ensinar o padre a rezar missa!

- E o que fez com o corpo de Diogo? O que ele tem com tudo isso?

- Diogo Kubota...hum! Ele foi outra pedra no meu sapato há uns anos! Além de escrever em blogs, atuava como pesquisador num jornal importante. Era um tolo, idealista, buscador da verdade. Nesta época, junto de uns amigos, tinha fundado uma Igreja, onde eu queria inculcar as pessoas o conceito de justiça com as próprias mãos, associada a escritura! Por culpa de um fiel que delatou todos os meus planos a ele, este intrometido ia me entregar a polícia, colocando a minha reputação e de gente muito poderosa em risco! Com isso, um servidor meu disfarçou-se de garçom e colocou um veneno no suco que fez o infeliz enfartar no restaurante que ele almoçava todo o dia. Lembro-me da cena do infeliz agonizando. Eu estava almoçando próximo. Foi tão divertido ver aquele sujeitinho agonizando! Não fui genial meu caro Nestor?

- Seu filho da puta!! Você me fez julgar o pobre coitado até agora! Que a alma dele esteja em paz!

- No inferno! Só se for!

- Wiliam Savoy! Maldito sejas tu por ter profanado o corpo de Diogo! Maldito sejas tu por ter brincado com a vida humana! Maldito por ter roubado a mulher da minha vida! Quem cruza o meu caminho, pisa em mim ou em alguém próximo, não sai ileso!!! Prepare-se!

- Estou gostando de ver! Por isso, lutarei desarmado, utilizando a minha técnica de garras de tigre!

E uma luta mortal começou. A técnica de Savoy era muito superior a de Nestor. Com a técnica do tigre, arranhou Nestor, fazendo-o perder mais sangue. Sentia muita tontura e não conseguia enxergar tão bem. Estava fraco com a perda de sangue. Neste meio tempo de raciocínio, Savoy dá uma voadora giratória, mandando Nestor para a o lado de fora, uma imensa varanda. Chovia muito forte.

Estava jorrando sangue por todo o corpo. Delirava de febre, junto de uma tempestade que se empunha com força. Gemia de dor, mas moralmente, sentia-se senhor! Em meio ao delírio, gritava:

- Você e eu somos um! Você e eu somos um! ó Máscara das Sombras! Face que oculta os meus medos, anseios e desejos, fazendo-me forte! Extremamente forte! Tu, que fostes fruto dos meus devaneios , agora és a realidade absoluta do meu ser! Juntos somos uma unidade, um conjunto, uma verdadeira arma! E ria com todo o sarcasmo até que.....

Savoy chuta-lhe o estômago. Agora com a espada na mão. Disse:

- Que você encontre com Diogo no inferno!

Escuta-se um tiro.

14 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - parte 31

Escuta-se um tiro. Todos olham para o fundo da entrada da sala. São quatro pessoas armadas. Duas delas vestidas de ninjas. Nestor bateu o olho e reconheceu: Jacqueline Monfort e Maximus Calegari. Mas quem eram os Ninjas? Um deles, em inglês, disse:

- Nestor, meu ilustre cunhado. Não ia te deixar na mão. Midore, tão pouco.

- Nestor! – Acenou Midore

Myamoto fez um sinal para trás e disse palavras em japonês. Surgiram 20 ninjas de negro. Myamoto, gritou em japonês: ataquem! O pau ia comer!

Enquanto lutavam, Nestor foi libertar Felipe. Vendo que estava bem, disse que Débora estava nas mãos do Coração das Trevas. Nestor pediu que Felipe saísse dali e chamasse a polícia.

Máscara das Sombras subiu a escadaria que levava a sala principal. Era um local grande e chique, com móveis belos e caros. Não havia ninguém. Máscara das Sombras procurava verificar se tinha algum truque, quando a lareira da sala se abriu. Ele entrou. O local dentro era como uma sala do Japão feudal, com um tatame e armas. A entrada do local se fechou e eis que se escuta uma voz:

- Bem vindo Máscara das Sombras ou senhor Alcântara se quiser. Não se saiu mal até agora...mas quero ver se você supera esta. Senhoritas entrem!

Abriu-se uma nova entrada. Duas mulheres vestidas com roupas de ninja entram na sala. Só que não usavam máscaras e eram conhecidas por Nestor.

-Não é possível! – Disse o Máscara das Sombras estupefato.

A primeira moça era a Débora. Estava armada com uma espada. A segunda, esta era inacreditável: Sayuri, seu antigo amor!

As duas se posicionaram para atacá-lo. Numa atitude de desespero, o justiceiro tira a máscara, o equipamento de alteração da voz e se colocou num tom emocionado:

- Sayuri! Você está viva!! Não me reconhece?

Sayuri permanecia intacta na posição sem nenhum sentimento.

- Débora? Débora?

Ela estava da mesma forma de Sayuri.

- Matem-no – Disse a voz do auto-falante.

As duas começaram a atacar Nestor. Ainda que se desviava dos golpes, tinha perdido um pouco de sangue, o que enfraquecia bastante. Nestor não sabia o que fazer. Estava emocionalmente abalado de ter que lutar com o amor de sua vida e com a fotógrafa que tinha lhe ajudado nos últimos dias. Era uma questão de sobrevivência. Para conseguir fazer algo, Nestor arremessou Débora para longe, agarrou Sayuri e tentou hipnotizá-la, mas nada. Não surtia efeito. Sayuri chutou Nestor bem forte. Débora deu um pulo bem forte no estômago dele. Saiu sangue de sua boca e começou a sentir tontura. Elas chutavam e pisoteavam Nestor como a um rato. Parecia o fim.

Quando Sayuri ia dar o golpe de misericórdia em Nestor. Este gritava e olhava aos olhos delas:

-Sayuri! Eu sempre te amei e amarei, mesmo que me mate! Nos amamos por muito tempo! Sayuri..Sayuri!!

Sayuri, mesmo em posição de ataque, pô-se a chorar. Nisto começou a sentir uma forte dor em sua cabeça, largou a sua espada e começou a gritar. Vendo a situação, a voz dirigiu o comando para Débora:

- Débora, mate os dois! Agora!

Débora dirigia a sua espada rumo a Nestor, quando um bumerangue tirou a espada da mão dela. Era midore. Dando um chute em Débora, disse a Nestor (em inglês):

- Deixe que eu cuido delas! Pegue o cara! Agora!

Com dificuldade, Nestor se levantou, olhou para Sayuri uma última vez e correu para uma das passagens abertas. Entrou num corredor cheio de armas e máscaras na parede. Ao final do corredor, havia uma grande sala, com televisores, microfones...parecia um estúdio de TV. Entrou e nada e viu o dito cujo sentado, tranqüilo, com uma espada samurai na mão. Era o Coração das Trevas! Este se levantou tirou a sua máscara.........

12 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Parte 30

No seu apartamento, Nestor começou a se arrumar (se vestir como Máscara das Sombras) e se colocou a orar. Pedia a Deus que nada acontecesse a Débora e ao Felipe, que conseguisse pegar o Coração das trevas e que daquele dia em diante, tivesse paz. Treinou uns golpes no saco de pancadas, pegou todos os utensílios e foi ao local indicado.

Chegou a antiga estação. Entrou no subterrâneo e começou a andar num corredor obscuro. Depois de uns 10 minutos andando vê uma luz no final do corredor. Aproximou e viu uma sala com piso de madeira bem cuidado, as paredes bem pintadas, além de lustres muito belos. Um pouco mais para frente havia uma escadaria. Máscara das Sombras desceu a escada. Escutava uma bela música clássica tocada ao som de violino e piano. Ao término das escadas, viu uma bela sala, com mesa de jantar, estante de livros e.....um caixão!

Máscara das Sombras desconfiava que o caixão fosse de Diogo e que era uma armadilha para atraí-lo. Decidiu não aproximar-se. Usou o seu bastão de aço e aproximou- do caixão e de repente....abriu-se no local do caixão um grande buraco, cheio de lâminas afiadas! “Por pouco.” Pensou ele. Olhou se havia alguma porta. Não. Teria terminado as armadilhas? Claro que não. Das paredes, surgem cinco lacaios do Coração das Trevas e como de costume, armados com espadas. Mais pancadaria por aí.

Não foi difícil. Máscara das Sombras era treinado, mas estes lacaios tinham um nível técnico superior aos demais. A coisa estava brava, era pancadaria para todo o lado. Ainda que tivesse ótimo reflexo, Máscara das Sombras levou um leve golpe nas costas e próximo a barriga, começando a sangrar. Vendo que a situação estava brava mesmo, apelou: usou o seu equipamento de choque. Conseguiu eletrocutar dois, o terceiro num golpe, arrancou o equipamento da mão do justiceiro e a coisa continuou.

Puto, Máscara das Sombras usou de maior apelação: uma bombinha de gás para confundi-los. Com isso, deu o cacete em dois, restando um. Pegou este e obrigou-o a levar para o esconderijo da organização. Mostrou a entrada secreta, atrás da estante de livros (típico neste tipo de história). Em agradecimento, Máscara das Sombras deu um cascudo no lacaio e seguiu o caminho.

Andou pelo corredor e viu outra grande sala. Ao entrar, depara-se com um grande uns 30 lacaios armados com espadas e facões. No fundo, encontrava-se Felipe amarrado numa cadeira, com a boca amordaçada. Ao ver a gravidade da situação, ergueu a cabeça, estufou o peito e disse:
“Agora fodeu!”

Os lacaios foram em direção a ele, atacando-o. Máscara das sombras lutou com bravura, derrotando até três ao mesmo tempo, mas ele não era Bruce Lee para lutar com tantos. Tentava recuar dos golpes, mas já estava na parede, sem alternativas de fugas, até que......

07 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Capítulo 29

No dia seguinte, antes de ir ao trabalho, Nestor entrou no Mosteiro de São Bento. Era a primeira vez em seis anos que ele pisava numa Igreja. Rezou por uns 10 minutos e foi ao trabalho. Ao abrir a internet, viu a manchete:

“Savoy e sua equipe prendem integrantes da gangue do Coração das Trevas. Membro revela que misterioso justiceiro mascarado exterminou com os Senhores da Morte”.

Nestor prosseguiu com a leitura. Felipe deu entrevista, mas nada que prejudicasse. Só que havia o risco de matarem ele no hospital. Imediatamente, Nestor encaminhou a notícia a Débora por e-mail. Ligou para ela e pediu que tirasse Felipe do Hospital e que qualquer coisa ligasse.

O dia passou e nenhum retorno de Débora ou qualquer notícia. Nestor ligou na Revista Vogue, onde ela trabalhava. Ligou várias vezes para o celular dela e nada. Começou a ficar intrigado. Foi ao hospital e disseram que Felipe teve alta e foi levado por Débora logo de manhã. Nestor começou a ficar preocupado, pois era 18h30! Foi ao apartamento de Débora, tudo fechado. Na esperança dela ter mandado alguma mensagem, foi para a casa e o olhou o e-mail. Lá tinha uma mensagem sem remetente, com o seguinte texto:

“ Caro Nestor ou prefere ser chamado de Máscara das Sombras?

Você tem sido uma pedra no sapato há um bom tempo. Danilo Viçosa, antes de morrer pelo fracasso da operação Laura Calisto, revelou-me de um sujeito que o observou. Através dos meus serviçais, peguei uma gravação da festa e vi que era você o curioso. Logo depois, um sujeito mascarado torturou e dizimou a minha melhor equipe de serviçais.

Eu tinha planos para uma sociedade mais justas e equilibrada, mas tinha que vir você bancar uma de Batmam! Não te ensinaram boas maneiras? Por ter treinado arte ninja, você se acha o cara, né? Só se for o cara de mané! Para um ninja, você é um tanto indiscreto! Depois de associarmos você ao Máscara das Sombras, foi fácil grampear você no seu serviço, além dos e-mails e pesquisas na web.

Quando vimos que você pesquisava sobre o tal de Diogo, de imediato usamos o corpo do pobre infeliz para te atrair, uma vez que você é um tanto ingênuo, digno de tramas superficiais de filmes americanos! Você não passa de um moleque, de um amador!

Ainda sim, se saiu bem. Segue o desafio final: se não quer que o mestiço machucado e sua amiga fotógrafa sejam enviados para o inferno, compareça no subterrâneo da antiga estação Morumbi até ohs. Aguardo com ansiedade.”

Coração das Trevas

Agora era correr contra o tempo.

03 janeiro, 2010

Máscara das Sombras - Parte 28

Por um lado, ela não ficou surpresa, pois já desconfiava. Por outro, surpreendia-se de uma pessoa viver daquela maneira. Respirou fundo, acalmou-se e questionou:

- Por que Nestor? Por que agir de uma maneira tão sombria e assustadora?

Nestor desligou o equipamento que alterava a sua voz e disse:

- Tenho as minhas razões Débora! Há anos que isso me acompanha!

Uma vez que tinha sido desmascarado, Nestor contou tudo a Débora: sua vida, a pancada na cabeça, a visão, os anos na Inglaterra, o treinamento com Katsumoto, a morte de Sayuri até o seu retorno ao Brasil. Débora ficou de boca aberta com a história de Nestor. Pediu que ele se sentasse e tomou a palavra:

- Ontem de manhã, como você sabia do túmulo de Diogo?

- Na noite anterior que salvei vocês, eu fiquei conversando contigo. Você começou a me interrogar e tentou arrancar minha máscara. Com isso, te hipnotizei, descobri o nome do falecido e te mandei dormir.

-Sabe, quando o Diogo falava coisas terríveis ou tinha atitudes grossas, eu sempre dizia:
“ Que coisa feia”. Mas diga: por que você acha que ele seria Coração das Trevas?


- O corpo não estava no caixão. Pouco depois de você e Felipe me fotografarem, os lacaios do Coração das Trevas apareceram. Não sei se você lembra, mas um deles disse que foi muito fácil me atrair. Logo, era uma armadilha. Mas a questão é: como sabiam da minha investigação sobre Diogo?

- Faz sentido. Só que o fato nos mostra Nestor outra possibilidade: eles podem ter roubado o corpo para te atrair, mas não significa que Diogo esteja vivo, ou ainda, que ele seja Coração das Trevas!

- Será?

- É uma possibilidade Nestor.

- Pode ser. Bom, temos que ficar atentos e agora que você sabe, precisarei da sua ajuda.

Olhando nos olhos de Nestor, Débora segurou sua mão e disse com firmeza:

-Nestor, por mais dura que tenha sido a sua vida, por pior que tenham sido as humilhações passadas, não justificam a tentativa sua de ser Deus! Ainda é tempo de parar...

-Não é possível! Não há como retroceder!

- Nestor, Deus pode.....

- Sim Débora...ele pode e já o fez! Tirou o melhor da minha vida. Agora, só existe o pó!

-Você já parou para pensar se Sarayu...

- É Sayuri pô!!

Débora respirou e disse num tom calmo:

- Tá bom! Sayuri. Será que ela ficaria contente de ver o quanto você está desrespeitando o amor dela?

- Ela está morta! Ela sabia dos meus planos...

- Mas você me contou que quando noivou com ela esqueceu-se do Máscara das Sombras, né?

-Si, mas....

-Mas o que Nestor!? Não vê que desrespeita a alma e a memória dela? Desrespeita a Deus que te criou para...

- Não fale dele!

Débora olhou Nestor com profundidade, pegou suas mãos e num tom ameno, mas firme, disse:

- Acima disso, desrespeita sua vida! Olhe para o rumo das coisas. Você não precisa disso! Pode ajudar as pessoas com as suas capacidades, mas sem fazer violência ou destruição! Nestor! Será que não existe no fundo da sua sombra, um reflexo do amor que você tinha por Sayuri e que ela tinha por ti? Não te conheço muito cara, mas bem que tinha certeza que por detrás desta Máscara Sombria, existia um ser humano débil e sensível como eu! Te digo: saia das sombras Nestor!

Lágrimas saíram dos olhos. Há mais de três anos que não chorava. Débora o abraçou, dizendo a ele que tudo ia se aclarar. Pegou um copo com água e açúcar e deu a Nestor. Este, após se acalmar, disse que iria manter contato. Débora falou:

- Cuidado Nestor. Está cada vez mais perigoso. Vá com Deus.

-Amém.

Pela primeira vez em tantos anos, Nestor disse amém.