25 novembro, 2009

Máscara das Sombras - Parte 18

O seu retorno ao país não foi nada empolgante, uma vez que tinha más recordações do Brasil, além da perda de Sayuri. Fazia dois anos que ela tinha morrido e era algo que Nestor não conseguia superar. Pensava na forma que se vingaria dos seus assassinos, só que teria de planejar muito bem, tratando-se de uma organização criminosa, além de inventar uma boa desculpa para voltar a Europa ou ir ao Japão.

Ao chegar na empresa, Nestor foi recebido com uma festinha surpresa tradicional de empresa: salgadinhos, bebidas e gente falsa ao redor. Era algo insuportável, mas que tinha de estar. Primeiro foi o discurso do presidente da filial. De tão empolgante, Nestor cochilou. Depois comes e bebes, um bando de falsos iam conversar com Nestor, fazendo-se de amigos, dentre eles, Gabriel, um antigo desafeto de Nestor. Este, com um sorriso estampado, disse:

- Meu caro, quanto tempo? Você está muito bem!

Numa risada irônica, Nestor respondeu:

- Sim, claro! Ao contrário de você! Não pense que eu tenho memória curta seu falso de merda!

- Nestor...águas passadas. Eu....

-Não me venha com discurso de redenção Gabriel! Não me venha puxar o tapete!

Sem graça, Gabriel baixou o olhar e deu meia volta. Surgiu outra figura: Karen, antigo affair de Nestor, agora, Gerente do departamento comercial e mais bela do que nunca. Sorridente, abraça-o e diz:

- Quanto tempo Nestor! Você está......
- Já sei! Tão bem! Como você está bonito! Frase de efeito não Karen?

- Nossa Nestor! Achei que a Europa tinha te feito bem!

- Sim, a Europa e o Japão me fizeram muito bem! A droga foi voltar para esta porcaria de país, junto de um bando de gente falsa e sangue-suga!

- Você não superou aquilo....


- Aquilo o quê? O não que você me deu no cinema! Águas passadas! Ganhei um tesouro muito melhor que se chamava Sayuri! Eu....

- Que se chamava?

-Sim. Ela morreu há dois anos numa explosão de um trem bala no Japão...

- Eu li Nestor! Foi algo da Yakuza...

- Sim

- Me desculpe.

- Você não tem culpa. Se me dá licença...


E foi para a sua nova sala trabalhar.

Nem tudo era de mal para Nestor. Na hora do almoço, desfrutou de um belo comercial com bife e fritas, além de um belo suco de limão, matando saudades da bela comida brasileira. Visitou os pais e alugou um apartamento na paulista, até se estabilizar.

De noite Nestor testou suas habilidades oficialmente como o “Máscara das Sombras”. Na mesma noite impediu dois roubos, um assalto e duas tentativas de seqüestros relâmpagos. Nestor não previa crimes, seguia o instinto e ia para os pontos mais cruciais e movimentados de São Paulo. O legal das habilidades treinadas era de atacar nas sombras sem ser visto, deixando o medo nos assaltantes com sua voz medonha e os olhos brilhantes da máscara.

No dia seguinte, tomando café na padaria, lê o jornal. Viu que as suas ações saíram numa coluna pequena com o seguinte relato: “ Paranóico, assaltante disse que o demônio apareceu para puni-lo e deixou-o na delegacia!” Ficou impressionado com o poder adquirido ao longo dos anos. Só que na página principal do jornal, algo maior o impressionou: “Mais um ex-deputado é achado morto e desfigurado com a assinatura dos Senhores da Morte”.

Mastigando o pão na chapa, ao cheiro de pingado, Nestor percebia um novo desafio e pensava:
“ Quem são e como agem os Senhores da Morte?”

Depois de um dia exaustivo como executivo, Nestor chega em casa e para tirar o stress, treinou um pouco de meditação, esgrima e alongamento. Após um bom banho, entrou na web para investigar sobre os senhores da morte, uma vez que estava pouco situado deles. Após muita procura, descobriu algo mais detalhado num site de um jornal policial. Tratava-se de um recado dos Senhores da Morte, deixado dentro da boca de uma das vítimas. Segue o que dizia:

Saudações cidadãos hipócritas e politicamente corretos!

Como percebem, mais um corrupto foi transferido para o inferno! O deputado Carlos Antonello, envolvido em vários esquemas de fraudes, teve a sua paga! Se a justiça é injusta, nós reavivamos o seu verdadeiro critério: justeza, equilíbrio. Para uma sociedade melhorar, precisa-se equilibrar e para isso, temos que melhorar as estruturas. O sr. Carlos foi uma pequena mostra daquilo que faremos em São Paulo e no resto do Brasil: justiça!

Como ele era cheio da grana, sabíamos que morava em Alphaville. Logo foi muito fácil entrar de noite, matar os seguranças, além de torturarmos sua esposa, filhos e brincarmos com a sua secretária! Matá-lo não foi difícil, porque o negócio com pessoas desta laia é torturá-la e humilhá-la. Matá-la é conseqüência! Não nego que foi divertido arranhar cada parte do corpo dele e deixá-lo sangrando e sofrendo lentamente! Meus companheiros de missão que o digam!

Nós somos a resposta de uma mudança, o desejo de uma sociedade melhor. Se tivermos que usar dos métodos que aplicamos nele, assim o faremos. Por isso que somos “Os Senhores da Morte”. Até a próxima vítima!


Cordialmente, General Custer


“General Custer! Que esperteza e ironia usar o nome de um lendário general americano que matou muitos índios! Eles não devem ser ignorantes! Devem ser pessoas estudadas e idealistas! Preciso apenas uma forma de descobri-los!” Pensava Nestor consigo. Decidiu listar todos os políticos e pessoas envolvidas nos escândalos dos últimos anos e acompanhá-los da melhor forma possível.

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